A Reinvenção de Grandes Clássicos
"Você trabalha com arte e não sabe o que é arte. Tá parecendo aqueles velhos antigos do ballet, que acham o BALLET É TUDO!"
Esse foi só um dos muitos impropérios que escutei da pessoa que me acusou de ser racista com o hip-hop. Sim, eu sei que a arte é plural e que o mundo vai muito além do ballet clássico. Aliás, nem fã de ballet eu era quando criança, minhas aspirações eram outras e quem me acompanha de verdade sabe disso. Eu já tive vivência em outras modalidades, seja através de aulas ou grupos de estudo e tenho sim respeito pelas mais diversas formas de dança. Só acho que não sou obrigada a gostar de absolutamente tudo. Afinal, o que seria do vermelho se todos gostassem do amarelo? A minha opinião sobre o hip-hop no Quebra-Nozes não vai mudar a montagem da SPCD... ou por acaso vai?
Já disse e repito: não sou contra a reinvenção de grandes clássicos. Além de ter dado diversos exemplos na ocasião (que foram completamente ignorados, pois as pessoas só veem aquilo que querem ver), aqui mesmo no blog há várias produções disponíveis. Alguns eu já assisti e adorei, outros nem tanto, e há aqueles que ainda não vi. Vou citar alguns:
O Lago dos Cisnes, de Alexander Ekman
Um lago totalmente diferente, com concepção e partitura própria. Alguns temas da obra emblemática de Tchaikovsky foram revisitados pelo compositor Mikael Karlsson. Literalmente, o palco se transforma num lago! Assisti alguns trechos durante a minha participação no grupo de estudos sobre O Lago dos Cisnes em 2018, promovido pela São Paulo Companhia de Dança, e achei interessante. Ainda não vi por completo.
Creole Giselle, de Frederic Franklin
Que versão linda de Giselle! A base é a dança clássica e os conflitos são os mesmos da obra original, o que mudou foi a ambientação. Essa versão se passa no estado da Louisiana, EUA, em 1841, numa época em que o status social era medido pela distância que as famílias tinham da escravidão.
Aqui temos uma Giselle bem diferente, uma das versões mais acessadas deste blog! A partitura foi completamente revisitada por Vincenzo Lamagna. Na própria capa do DVD diz que é "o icônico ballet, reimaginado". Esse eu ainda não vi.
Nutcracker Sweeties, de David Bintley
Tá aí um Quebra-Nozes diferentão e que eu realmente gostei! Música em estilo jazz? Temos! Fada Açucarada sensual? Temos! Dança Espanhola misturada com Valsa das Flores? Temos! Coreografia de sapateado que casou super bem com a música? Temos! Montagem diferente, não-narrativa, pois trabalhou em cima da suíte e não da obra completa, e completamente original. Indico de olhos fechados!
Sem mexer na música, o coreógrafo consegue propor uma releitura muito legal, onde Franz realiza seu sonho de se casar com Coppélia. Aqui Swanilda não existe, quem invade a fábrica do Dr. Coppélius são três empregadas muito engraçadas. E a boneca ganha vida por meio da Diva Espectral. Se recomendo? MUITO!
É claro que esses são apenas alguns exemplos. Alguns mudaram mais que outros e em todos há inovação. No blog, há muitas outras versões de clássicos reinventados, é só procurar.
E para esclarecer mais um ponto, quando disse "daqui a pouco vão considerar qualquer coisa como inovação", além da questão musical, eu também pensei em mudanças desnecessárias feitas em variações de ballet de repertório que costumam ser levadas para festivais. Lembrei exatamente do caso da variação de Esmeralda quando escrevi isso, mas como não especifiquei, fui mal interpretada...
E só pra encerrar, o nome desse projeto é Vídeos de Ballet Clássico. Esse é o carro-chefe do blog/intagram e o foco dos meus estudos e pesquisas. Mas como disse, a arte é plural e o blog sempre vai acolher outras formas de dança, independente do meu gosto pessoal. Afinal, o blog é pra vocês! Concordam?
Amiga eu nem vou falar muito pra não gerar polêmica kkkk. Só gosto de ballet clássico e é isso, por mim não tem necessidade de reinventar nada
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